31ª Feicoop atinge expectativa de público de 100 mil visitantes

31ª Feicoop atinge expectativa de público de 100 mil visitantes

Fotos: Vinicius Becker (Diário)

A 31ª edição da Feira Internacional do Cooperativismo e da Economia Solidária (Feicoop), considerada a maior do gênero na América Latina, foi oficialmente encerrada no domingo (12) em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, com aproximadamente 100 mil visitantes, número que atingiu a expectativa da organização.

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A feira, que começou na sexta (9), no Centro de Referência de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter, reuniu pessoas de quatro continentes: África, América, Ásia e Europa, que representaram oito países: Argentina, Brasil, Bolívia, Equador, Hungria, Moçambique, Uruguai e Taiwan. Do Brasil, conforme divulgado pela organização, vieram participantes de 11 estados, do Distrito Federal e de 163 municípios.

Distribuídos em pavilhões, foram 400 expositores com produtos alimentícios e artesanais, 50 agroindústrias familiares, além de artesanato de povos originários, quilombolas e indígenas. Ao longo de três dias, foram oferecidas 50 atividades formativas e aproximadamente 30 apresentações culturais, todas gratuitas e abertas ao público.

Foto: Vinicius Becker (Diário)

Com o tema “Construindo a ecologia integral frente às emergências climáticas”, a organização divulgou uma carta oficial na qual destacou a relevância do evento como espaço de reflexão e ação sobre os desafios sociais e ambientais atuais. No documento, a Feicoop reafirma o valor da Economia Popular Solidária como instrumento de transformação social e ambiental, reunindo seminários, oficinas, rodas de conversa, conferências e painéis que colocaram em discussão questões como agricultura urbana e periurbana, agroecologia, segurança alimentar, saúde mental, sustentabilidade territorial e ações de apoio às famílias de agricultores afetadas por eventos climáticos.

Foto: Vinicius Becker (Diário)


Segundo a carta, o evento também abordou os impactos do modelo de desenvolvimento vigente, destacando o uso de agrotóxicos, mineração, exploração do carvão vegetal e consumo intensivo de água em favor de interesses privados, e enfatizou a necessidade de políticas públicas efetivas e financiamento para a gestão ambiental. A organização ainda apontou a importância da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 – a COP 30 –, que ocorrerá em novembro em Belém (PA), como oportunidade de mobilização social e registro de denúncias sobre injustiça climática, com participação dos movimentos de economia solidária na Cúpula dos Povos.

Foto: Vinicius Becker (Diário)



Confira na íntegra a nota da 31ª Feicoop abaixo


"Reunidos em Santa Maria, coração do Rio Grande do Sul, de 10 a 12 de outubro de 2025, nós, participantes da 31ª Feira Internacional do Cooperativismo e Economia Solidária (FEICOOP), vindas e vindos de quatro continentes (África, América, Ásia e Europa), de oito países (Argentina, Brasil, Bolívia, Equador, Hungria, Moçambique, Uruguai, Tawain), de 11 estados e Distrito Federal e 163 municípios brasileiros, celebramos mais um encontro de compromisso com a vida e com a construção de um mundo justo, solidário e sustentável. 

Durante esses dias, reafirmamos o valor da Economia Popular Solidária como caminho concreto de transformação social e ambiental. Através de um conjunto de atividades como a realização de cerca de 50 eventos: seminários, oficinas, rodas de conversa, conferências e painéis; 30 atividades culturais e da participação direta de 550 empreendimentos e em torno de 100 mil visitantes, refletimos sobre os desafios que as emergências climáticas impõem a humanidade e a Casa Comum. Buscamos à luz da ecologia integral, caminhos que coloquem a economia a serviço da vida, o cultivo de uma espiritualidade libertadora, o cuidado com a natureza e a dignidade humana. 

Entre os seminários, rodas de conversa, atividades culturais, exposições ecoou o grito dos povos das águas, das florestas e das periferias urbanas, clamando por compromisso e ação diante das injustiças que geram exclusão, discriminação, racismo, miséria, violências, destruição ambiental, conflitos e guerras em diferentes partes do mundo. Também se ressaltou as formas de resistências construídas coletivamente nos territórios urbanos e rurais, a exemplo da agricultura urbana, periurbana, da agroecologia, da segurança alimentar e nutricional sustentável, reconhecendo como pontos populares de segurança alimentar a organização das cozinhas solidárias; o trabalho do coletivo de mulheres destiladoras de plantas medicinais e do coletivo de mulheres do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis; o debate sobre saúde mental na Economia Popular Solidária; a articulação do Fórum Estadual de Mulheres Negras Trabalhadoras da Economia Popular Solidária; o Seminário de Boas Práticas, com fomento de ações voltadas à sustentabilidade e humanização em ações educativas nas escolas públicas, promovido pelo Movimento Brasileiro de Educadores Cristãos (MOBREC); as ações voltadas às famílias de agricultores atingidos pelos recentes eventos climáticos no Vale do Taquari/RS, como a Missão Sementes de Solidariedade, entre outras iniciativas.

 Verificamos nos diferentes debates sobre emergência climática, que o modelo de desenvolvimento vigente, marcado pela ofensiva do capital, vem gerando graves impactos na vida humana e toda a sua biodiversidade, como o uso de agrotóxicos, ações de mineração, exploração do carvão vegetal e consumo intensivo das reservas de água (bem universal) em favorecimento privado, a exemplo, da irrigação. É fundamental fomentar e fortalecer ações de sustentabilidade territorial, focalizando a intersetorialidade e incidir para o compromisso estatal, com políticas efetivas e financiamento voltado à gestão 2 ambiental, nas diferentes esferas governamentais e a efetivação dos pactos internacionais. 

Ressaltamos nesse contexto o processo preparatório e a realização da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém do Pará/Brasil, em novembro de 2025, que apresenta um potencial de mobilização e organização da sociedade, a partir dos movimentos, coletivos e organizações sociais, entre elas o movimento de economia solidária, que participará da Cúpula dos Povos, contribuindo para o registro de denúncias sobre a injustiça climática que afeta os que menos contribuem com a poluição e a formulação de propostas a serem implementadas pelos agentes públicos. 

A 31ª FEICOOP, mais uma vez, mostrou-se um espaço de resistência, esperança e construção coletiva, onde o comércio justo, o consumo responsável, a agricultura familiar, a agroecologia, o cooperativismo e o artesanato popular se unem para afirmar que outro mundo é possível e necessário. 

Para construção desse “outro mundo possível” assumimos o compromisso de construir e fortalecer as ações vinculadas à Política Nacional de Economia Popular Solidária. Quanto à realização das feiras de Economia Popular Solidária nos comprometemos com as articulações em rede, com o fortalecimento das iniciativas populares nos territórios e com a sustentabilidade socioambiental, promovendo a redução do consumo de resíduos sólidos. Também exigimos das diferentes esferas de governo o cumprimento da Lei nº 15.068, de 2024 (Lei Paul Singer) que institui a Política Nacional de Economia Solidária e o Sistema Nacional de Economia Solidária e uma política pública permanente de financiamento das Feiras de Economia Popular Solidária e sua inclusão nos calendários oficiais de eventos municipais, estaduais e nacionais, a exemplo da FEICOOP.

 Reconhecemos e agradecemos o trabalho de todas as pessoas, grupos, movimentos, pastorais, entidades, universidades e instituições públicas e privadas que, com dedicação e amor tornaram possível esta 31ª edição. Agradecemos à comunidade local e as iniciativas solidárias dos diferentes territórios, estados e países, que protagonizaram a organização e realização da FEICOOP, com generosidade e alegria, demarcando um evento que resiste há mais de três décadas, como referência nacional e internacional. 

Ao encerrarmos esta edição, no dia da Mãe Aparecida padroeira do Brasil, renovamos o compromisso de ESPERANÇAR e seguir tecendo redes de solidariedade, economia viva e cuidado com a Terra, para que a Ecologia integral não seja apenas um ideal, mas uma prática cotidiana em nossos territórios, comunidades e relações humanas. Que a força da solidariedade continue nos inspirando, a construir juntos, a paz com justiça social, a fraternidade entre os povos e o cuidado com todas as formas de vida."


“Tudo está interligado como se fôssemos um. Tudo está interligado nesta Casa Comum”. 

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